sexta-feira, 29 de agosto de 2014

CONSUMO PREDATÓRIO DA CARNE DO JABUTI NO NORTE E NORDESTE BRASILEIRO





CONSUMO PREDATÓRIO DA CARNE DO JABUTI NO NORTE E NORDESTE BRASILEIRO

  RESUMO: O objetivo deste estudo é alertara sociedade brasileira da necessidade de elaborar uma estratégia para se evitar o consumo predatório da carne do jabuti, fato que está provocando a redução da população destes animais na natureza e que poderá levar a extinção da espécie. Esses animais têm como característica a longevidade e demoram vários anos para e tornarem adultos, muitas vezes eles são abatidos antes de atingem à maturidade sexual dessa forma não há a recomposição da população na natureza ou em cativeiro, o que é mais comum visto que eles são criados nos quintais e quando a densidade passa de um número de dez animais eles são vendidos aos mesmos magarefes que fazenda o abate clandestino dos animais de consumo. O seu maior pico de abate de dá no feriado da Semana Santa, que é quando muitos nordestinos que moram na região sudeste se reúnem com suas famílias em cidades do interior dos estados mais distantes do litoral onde não há uma oferta significativa de peixes, que são substituídos pelos jabutis, porém na região amazônica o consumo dos jabutis é durante o ano inteiro, mesmo tendo grandes estoques pesqueiros não existem uma sistema de armazenamento que permitam a exportação do pescado para outras regiões do país. O semiárido ou sertão nordestino é grande produtor de carne de bovino, caprinos, ovinos e suínos, mas paralelo há um consumo de aninais silvestres, principalmente tatus durante todo o ano e em menor quantidade preás, paca, tamanduás e veados. Recentemente a Igreja Católica tem orientado os seus fieis para evitarem o consumo de carne de caça e tem abraçado a causa da agricultura familiar ecológica. Mas para que haja o fim do consumo da carne do jabuti, esse animal precisa ser inserido no contesto econômico com a livre comercialização dos animais adultos, na forma de matrizes e reprodutores, regulamentando os que são criados em cativeiro de fundo de quintal ou mesmo os que são retirados da natureza, para que eles sejam destinados à produção de filhotes para abastecer o mercado de animais de estimação, só assim evitaremos que eles sejam abatidos. 

Palavras chave: carne, jabuti, nordeste, Semana Santa.
ABISTRAT: The purpose of this study is alerted Brazilian society of the need to develop a strategy to avoid wasteful consumption of turtle meat, a fact that is causing the reduction of the population of these animals in nature and that may lead to extinction of the species. These animals are characterized by longevity and take several years to become adults and often they are slaughtered before they reach sexual maturity so there is no rearrangement of the population in the wild or in captivity, which is more common as they are reared in backyards and when the density passes a number of ten animals they are sold to the same farm slaughterers that illegal slaughter of animals for consumption. Its highest peak slaughtering gives the Holy Week vacation, which is when many Northeastern who live in the Southeast gather with their families in the inner cities of the distant coastal states where there is a significant supply of fish, which are replaced by tortoises, but in the Amazon region the consumption of turtles is year round, even with large fish stocks are not a storage system that allow exporting fish to other regions of the country. The semi-arid northeastern backlands or is a major producer of beef, goats, sheep and pigs, but there is a parallel consumption of wild aninais, especially armadillos throughout the year and to a lesser amount cavies, paca, deer and anteaters. Recently the Catholic Church has guided their faithful to avoid the consumption of game meat and has embraced the cause of ecological family farming. But for there to be the end of the consumption of the flesh of the tortoise, the animal needs to be inserted in the economic contest with the free marketing of adult animals, in the form of matrices and breeding, regulating those bred in captivity backyard or even that are taken from nature, so that they are intended to produce puppies to supply the market with pets, so just avoid them to be slaughtered.

 Keywords: meat, tortoise, northeast, Holy Week.

1.      INTRUDUÇÃO

    Jabuti é um termo indígena e significa “o que não bebe” ou “persistente”, pertence ao gênero dos Chelonoidis, no Brasil há duas espécies o jabuti-piranga, que significa “o vermelho que bebe pouco”, cujo nome cientifico é Chelonoidis carbonária, termo latino relacionado com a sua coloração de carvão em brasa, sua área de abrangência são as regiões nordeste e sudeste, temos também o jabuti-tinga, que significa “o branco que bebe pouco” só que na verdade ele é amarelo, cujo nome científico é Chelonoidis denticulata, a descrição não tem nada haver com a sua coloração e sim com a forma serrilhada da carapaça dos filhotes, típico das matas densas de terra firme da floresta amazônica.
   Antes os jabutis estavam enquadrados no gênero Geochelone, quelônios da terra, só que agora esta designação é atribuída apenas aos seus parentes africanos. Basicamente eles estão distribuídos na África subsaariana e na faixa tropical das Américas, ficando isolados na ilha de Madagascar quando essa se separou da África e nas ilhas Galápagos quando a Cordilheiras dos Andes se elevou. Contemporâneos dos dinossauros, eles tinham o tamanho de um automóvel popular e abitavam o supercontinente da Pangeia.
    Além da sua destruição por terra, exceto nas regiões polares e grandes altitudes, se distribuem por todo o globo inclusive em ambientes aquáticos como os oceanos e os rios, são as “tartarugas-marinha” e de água-doce conhecidos como “cágados-d’água” ou tigres-d’água, já os jabutis nós chamamos de “cágados” influência do espanhol “galápagos”.


2.    ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

   Os quelônios terrestres têm os seus membros adaptados para a vida na terra, as suas patas traseiras são parecidas com perna de elefante e são usadas para cavar buracos na terra onde seus ovos são depositados, as patas dianteiras são arqueadas para os lados e o seu pescoço é retrátil para dentro do casco, as fêmeas são maiores que os machos, pois elas mantêm seus ovos armazenados até o momento da postura, diferentes das aves que põem de fora intercalada, tendo a parte inferior do casco plano para acomodar um maior número de ovos, já os machos são menores que as fêmeas e têm a parte de baixo do casco côncavo, para se encaixarem na fêmea no momento da cópula, apesar do seu tamanho reduzido eles têm uma necessidade energética maior devido ao apetite sexual aflorado, quando estão perseguindo as fêmeas eles fazem focalizações característico parecidos com o ronco de porcos só que não anasalado alveolar, eles podem travar lutas espetaculares pelo controle das fêmeas chocando-se frontalmente como fazem os herbívoros ruminantes. São onívoros e hibernam por longos períodos a esperado aumento da temperatura, podendo ficar presos embaixo de árvores caídas na floresta até que seu tronco apodreça abocanhados pequenos animais que passam na sua frente.        
  Os quelônios de água salgada estão adaptados à vida aquática, no caso das tartarugas-marinhas que passam a vida inteira na água, os seus membros anteriores se transformaram em nadadeiras e os posteriores em lemes para fazer manobras a captura de animais aquáticos e algas, só retornando a paria onde nasceram apenas para desovar. 
  Os quelônios de vida semiaquática, vivem próximos a fontes de água doce, rios e lagos, seus membros apesentam membranas interdigitais parecidos com pés de pato, seu pescoço não se retrai para dentro do casco e sim ele se dobrar para o lado, são exclusivamente carnívoros e podem ser vistos tomando sol em cima de pedra e trocos de árvores próximos à água para facilitar a digestão, pois são animais de sangue frio, em regiões distantes do litoral pode se observar bandos de borboletas lambendo o sal expelido por glândulas próximas dos seus olhos, devido a sua dieta carnívora, o mesmo acontece com os crocodilianos, no caso das tartarugas da Amazônia elas têm uma dieta onívora pela grande quantidade de frutos que caem das árvores, essa oferta faz com que elas sejam as maiores do grupo. Os semiaquáticos asiáticos retraem o pescoço para dentro do casco, o que significa uma evolução pelo isolamento geográfico continental e uma maior adversidade ambiental provocada por predadores aquáticos.


3.    CARACTERÍSTICAS TAXONÔMICAS. 

   Seu corpo é revestido por placas ósseas epidérmicas, formadas pela fusão das costelas com o osso externo, recoberto por escamas dérmicas queratinizadas, dai a desinência familiar Cheloniidae, ou simplesmente quelônios. A parte superior dorsal é a chamada carapaça e a inferior ventral é o pastrão. Por possuírem essa carapaça estão enquadrados na ordem Testudinata. São da classe Reptilia que abrange os repteis, animais vertebrados tetrápodes e ectodérmicos, ou seja, não possuem mecanismo interno de regulação da temperatura corporal, dependem do calor do sol para fazer sua digestão e chocar seus ovos, cujo embrião é revestido por uma membrana amniótica que possibilita uma nutrição extra para seus filhotes por mais alguns dias depois deles terem deixado a casca do ovo o que lhes permitiu ficarem independentes da água para reprodução, ao contrário dos anfíbios. Do filo Chordata devido à simetria bilatéria característica comum dos animais superiores, pertencendo por tanto ao reino Animalia.


4.    USO DOS QUELÔNIOS DA ALIMENTAÇÃO.

O caso mais famoso de quelônios sendo utilizados para consumo humano é das tartarugas-marinhas por comunidades de pescadores, só que projetos ambientais de geração de renda através do turismo têm conscientizado essas comunidades da importância de se preservar esses animais, protegendo inclusive os seus locais de desova e evitando que os mesmo fiquem presos nas redes de pesca e morram por afogamento. As tartarugas-marinhas são comente utilizadas como alimento por náufragos que bebem o seu sangue para evitam a desidratação, esse abito é comum em países da Ásia, só que com tartarugas-de-água-doce, serpentes e aves. Durante as Grandes Navegações quando os espanhóis descobriram as Ilhas Galápagos milhares de jabutis gigantes foram embarcados para servirem de alimento à tripulação, durante as longas viagens pelos oceanos, eles abriam a carapaça destes animais a golpes de machado. Os caboclos amazônicos costumam cozinha os jabutis sem retira-los do casco, colocando-os diretamente na fogueira. Na América Central tartarugas-de-água- doce eram criadas em cativeiro com a finalidade de serem abatidas para servirem de alimento, elas eram comercializadas vivas, pois na época não havia sistema de refrigeração e mantê-las viva era uma forma de ser tê-las sempre a disposição e levadas para outros pontos Impérios Maia que não faziam parte da mesma bacia hidrográfica separada por cadeias de montanas, só dessa forma seria possível o cruzamento entre espécies geograficamente isoladas. 
   Já na floresta amazônica além dos jabutis-terrestres se consume regularmente a as tartarugas da Amazônia, na verdade elas são cágados, que podem ser criadas em cativeiro e atingem o tamanho de abate em pouco tempo, essas características de manejo em cativeiro permite que sejam exploradas economicamente e através da refrigeração a sua carne possa ser exportada para outras regiões do país ou mesmo para países da Ásia onde o consumo de animais aquáticos é tradicional. O que se fosse feito reduziria a pressão sobre os animais silvestres gerando emprego e renda as populações humanas que exploram de forma predatória animais silvestres. 

5.      ESTADO DE CONSERVAÇÃO.

   Muitos quelônios estão seriamente ameaçados de extinção ou já foram extintos pela ação do homem, principalmente pela descaracterização do seu habitat natural através da agricultura pelo revolvimento do solo devido aos implementos, arados e grades niveladoras de solo, movidos a tração mecânica, destruindo seus ovos que estão enterrado no solo ou mesmo os animais adultos são esmagados pelas rodas do trator ou mutilados pelos implementos; pela prática das queimadas para limpar o terreno para a formação de novas pastagens, como esse animais são muito vagarosos eles acabam morrendo queimados o mesmo acontece com seu ovos que estão enterrados. A caça também é um fator de extermínio das populações destes animais, pois a demanda é crescente não havendo tempo para eles se reproduzirem a uma taxa maior do que são predados. Um terceiro fator é a captura de animais na natureza para abastecer o mercado de animais de exóticos ou de estimação. 

6.      ALTERNATIVA PARA EVITAR A EXTINÇÃO DO JABUTI

   A forma conflituosa de convivência destes animais com o ser humano os levará à extinção, a menos que seja encontrada uma solução vantajosa para o ser humano para que ele saia da condição de predador para a de cuidador e protetor. E isso só será possível através da exploração econômica e racional em cativeiro destes animais, pois sendo criados sob condições controladas eles estarão livres de parasitas e predadores e não sofrerão privações por falta de alimento e água, terão um crescimento mais acelerado e atingirão uma longevidade que a vida na natureza não permite, pois ela não tem piedade dos jovens nem tão pouco ela tem compaixão com os velhos. Nesse sistema econômico preservacionista há a possibilidade da criação em cativeiro das tartarugas da Amazônia com a finalidade de produção de carne, pois já é um animal criado para essa finalidade, se adaptando sem maiores problemas ao cativeiro podendo ser alimentado com rações industrializadas e frutos disponíveis em quase todas as regiões tropicais. Os jabutis também merecem atenção especial, pois a maior da vegetação nativa do país, Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado, foi convertida em áreas de produção agropecuária, assim os jabutis que têm perdido as suas áreas de alimentação e quando são avistados pelos seres humanos são imediatamente capturados, sendo mantidos em cativeiro e abatidos em algum momento, alguns destes jabutis têm um destino menos cruel e podem viver vários anos chegando a deixar vários descendentes. Sendo essa alternativa de sobrevida para os jabutis a criação em cativeiro com a finalidade de produção comercial de filhotes para o mercado de animais de estimação, pois já existe um mercado paralelo que promove a retirada destes animais e os leva para os grandes centros populacionais, podendo haver uma valorização de 1000% mil por cento do local onde eles são capturados até o comprador final, esses animais geralmente são traficados ainda quando são filhotes dessa maneira pode ser levados em grande quantidade sem que haja uma alta mortalidade comum aos pássaros e mamíferos, pois quando são filhotes de jabutis possuem uma reserva amniótica que lhes possibilita passar um bom tempo sem se alimentar, só que muitas vezes esses filhotes vão ser criados em condições não muito adequadas em apartamentos ou em quintais cimentados sem ter a possibilidade de se reproduzirem e se alimentando de forma inadequada. Pior ainda é quando os jabutis adultos são abatidos para servirem de alimento, pois deixarão de gerar de três a cinco novos filhotes por ano, e o preço apurado por quilo de carne é um pouco maior do que o de galinha caipira de quintal. Dessa forma se a comercialização destes animais fosse regulamentada evitaria a extinção da espécie, pois seria mais um nincho de mercado para os pet-shopping, que além dos filhotes, eles poderiam comercializar rações especiais, terrários e aquecedores para as regiões mais frias, e quando estes animais estivessem adultos poderiam ser trocados por novos filhotes e seriam encaminhados para criadores que farem a reprodução assistida.        

7.       REINTRODUÇÃO INADEQUADA DOS JABUTIS EM MEIO AMBEITE INADEQUADOS
   Se os animais adultos forem poupados e reservados para a reprodução de filhotes a espécie poderá ser multiplica em número suficiente para se pensar na sua reintrodução com monitoramento na natureza, desde que em locais que sejam adequados para recebê-los sem que haja o risco deles serem recapturados por caçadores ou que venha a morrer de inanição por falta de alimento e de água, visto que os locais onde se dá a soltura destes animais são parques naturais recém-criados onde ainda não houve a recomposição da vegetação nativa, diferente dos pássaros que podem percorrem grandes distâncias em busca de alimento e água. No mínimo nos locais de soltura houvesse um morador que lhes fornecesse regularmente alimentos e água. Principalmente quando se trata de jabutis da Amazônia que são mais exigentes em termos alimento e água por serem maiores os jabutis do Nordeste, esses animais podem farejar a água servida às abelhas no meio da caatinga e morrem do lado do colho por não poderem alcança-lo. Apesar de poderem ficar longos períodos hibernando sem comer ou beber água, os jabutis quando levados de volta para uma reserva poder perder a reserva de água através da urina, o que poderá leva-lo a morte se ele não encontrar uma forte de água para fazer essa reposição de estoque. O curioso é que as fêmeas usam essa reserva estratégica no momento da postura dos seus ovos, urinando no local onde ela vai cavar o buraco para depositar os ovos. 
8.      JABUTIS CRIADOS EM QUINTAIS.

  No interior do Nordeste é comum que muitas famílias tenham jabutis em seus quintais e na maioria das vezes eles são nascidos em cativeiro e não seria adequado a sua reintrodução na natureza, pois eles não sobreviveriam sem a assistência humana. Muitos filhotes são dados como presente de aniversário para os filhos dos amigos, o que pode acontecer, esse filhote pode viver vários anos sem se reproduzir até que outro jabuti seja providenciado para formar um casal dessa forma haverá descendentes, ou ele pode vir a óbito devido à falta de alimento e água, ou ser pisoteado ou friccionado contra o chão como se fosse um carrinho de brinquedo. Mas com o mínimo de espaço, seja ele gramado de areia ou terra eles podem ser criados esse reproduzirem anualmente, porém há o inconveniente de na maioria dos casos os jabutis pertencem a uma mesma ninhada e vão se reproduzindo por gerações, mesmo apesar da pouca troca de material genético há poucos casos de má formação genética.
      O grande empecilho é a questão legal, pois quem tem esses seus jabutis criados no quintal pode ter que se desfazer deles para não serem enquadrados na legislação ambiental que proíbe a sua criação de fundo de quintal. Outro fator negativo é quando os jabutis atingem a fase adulta eles são vendidos para serem abatidos principalmente no feriado católico da Semana Santa onde a demanda por esse tipo de caça aumenta. Por haver nesse período do ano uma proibição religiosa do consumo da carne vermelha e pela baixa oferta de peixes devido a grande distância do litoral a carne de jabuti foi incorporado ao cardápio religioso, sendo que os indígenas já jaziam uso da carne do jabuti desde que chegaram às América durante a última era glacial antes da elevação no nível do mar. Mesmo tendo convivido com o ser humano por milhares de anos os jabutis nunca enfrentaram um declínio de sua população como agora, o que poderá levar a extinção da espécie nas próximas décadas.

9.      AMATANÇA DOS JABUTIS NA SECA DE 2012.

   O consumo da carne do jabuti se intensificou devido à seca de 2012 que foi considerada a pior dos últimos 30 anos, que atingiu oito estados nordestinos com e o norte de Minas Gerais com exceção do Maranhão para onde foi levado quase todo e gado bovino em fase de engorda, garrotes e novilhas, o restando do rebanho, vacas e bezerros, foi deixado para trás por não ter valor comercial, essa seca só não se constituiu numa tragédia humanitária devido à intervenção do governo federal que disponibilizou carros pipa para a distribuição de água nas fazendas e comunidades do interior e do milho transgênico plantado Centro-Oeste e trazidos de navio cargueiro. E como não havia oferta de peixes devido ao baixo nível dos açudes e não tendo dinheiro para comprar o peixe salgado vindo de fora. Não tendo peixe muitas famílias utilizaram a única reserva disponível, os jabutis presos nos quintais, que foram inclusive vendidos para magarefes que nessa época do ano deixam de vender carne vermelha e abatem os jabutis para vender a sua carne. Como resultado quase não se ver jabutis adultos, restando apenas os animais jovens que não tinha o tamanho de abate, mas ainda há esperança para a espécie, pois ainda podemos ver pequenos jabutis recém-nascidos fruto do último acasalamento da vida de seus pais.  

10.  LEGITIMAÇÃO DO CRIME DE TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES.

   O tráfico de animais silvestre é um dos mais lucrativos mercados ilegais perdendo apenas para tráfico de arma e de drogas, em algumas circunstâncias podemos considerá-los como elo de uma mesma corrente, visto que os criminosos são oportunistas e visam exclusivamente o lucro a qualquer preço. Fora o seu caráter marginalizante eles são pessoas como qualquer outra que buscam viver em sociedade e atingir ganhos materiais para aquisição de patrimônio para dar uma vida confortável para suas famílias e serem reconhecidos como cidadãos. Então se vivemos um sistema democrático onde teoricamente as leis servem para proteger a sociedade, então por que a criminalidade tem tantas ramificações e as leis que deveriam controlar os seus impulsos antissociais servem apenas para legitimar e até mesmo favorece-los em diversas circunstâncias.
    Por exemplo, o governo propôs um desarmamento que seria a solução para a violência urbana, agora imaginemos que quantos crimes de homicídio vão deixar de ser investigados porque a prova do crime foi simplesmente destruída. O mesmo se aplica ao combate ao tráfico de drogas, que não vem trazendo resultados práticos apenas favorecendo a concorrência entre grupos paramilitares que promovem a distribuição para os usuários. O certo seria que, fosse feita uma distinção entre os vários tipos de drogas de forma não genérica, as que tivesse um potencial menos poderiam ser sua produção controlada pelo Estado com o cadastramento dos pontos de venda e o rastreamento dos usuários, para que estes não precisassem recorrer aos traficantes para terem a mão o fruto do seu desejo. 
    A legislação de proteção dos animais silvestre caminha no mesmo sentido, pois a sua finalidade é de nos impedir de explorarmos economicamente a nossa fauna como fizeram os europeus e asiáticos, que capturam na natureza animais dos quais se alimentavam frequentemente para tê-los sempre a disposição. Hoje os animais domésticos de consumo são explorados por grandes multinacionais que almejam o controle absoluto dos recursos naturais e meio de produção de alimentos, impedindo até que as comunidades nativas se alimentem da forma tradicional. Durante longa trajetória de caça e domesticação dos animais muitas espécies foram extintas simplesmente por falta de gestão dos recursos naturais pela exploração excessiva das suas populações ou destruição do seu habitat.
   Diante da impossibilidade destes animais permanecerem no ambiente natural, que não é mais adequado a manutenção da sua população, defendemos que se legitime a criação em cativeiro sem observar a origem destes animais, se retirados da natureza ou que tenha nascidos em cativeiro. E que os jabutis passem a serem considerados animais domésticos, favorecendo a criação de associações de produtores de filhotes que se encarregaram de fazer a gestão de mercado e registro dos animais.

11.   CONCLUSÃO.

    É necessário buscar alternativas para evitar a extinção das espécies de jabutis que vivem nas matas brasileiras e se possível que se faça o resgate destes animais do meio natural, pois a natureza já foi extremamente modificada pelo homem a ponto de não ser um local seguro para a permanência destes animais. E como eles se adaptam facilmente as condições de cativeiro poderiam ser mantidos sob condições controladas para a reprodução em larga escala de filhotes que seriam comercializados, sendo que nesses termos haveria todo um sistema de rastreamento, desde o local de origem das matrizes e reprodutores, sejam eles criados em quintais na zona urbana ou em sítios e fazenda, até o consumidor final que ficaria responsável pela devolução quando o animal ficasse adulto. Dessa forma haveria um circulo de proteção entorno dos animais adultos que seriam explorados com a finalidade exclusiva de produção de filhotes. E mesmo que os jabutis escapassem do cativeiro eles não representariam qualquer ameaça ao meio ambiente, pois eles não são considerados uma espécie invasora como são as espécies semiaquáticas, que quando se tornam adultas são soltas na natureza pelos seus donos e muitas destas espécies são exóticas e passam a concorrer com as espécies nativas levando-as a extinção.    




REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA















quinta-feira, 28 de agosto de 2014



A HANSENÍASE É OU NÃO É UMA ZOONOSE?

RESUMO: Cientistas americanos fazem associação entre o consumo da carne do tatu e o surgimento de casos de hanseníase, lepra, entre seus cidadãos que não fazem parte do grupo de risco, ou seja, não são afrodescendentes e que nunca viajaram para países onde a situação da doença é endêmica: Índia, Brasil ou Angola, onde ocorre a maioria dos casos. A descoberta possibilitará a erradicação da doença pelo simples fato de se deixar de consumir a carne do tatu ou de outros animais silvestres que se alimentam de cadáveres humanos. A descoberta é um fato inédito, pois o ciclo da doença foge do padrão das zoonoses, que se dá de maneira geral de forma vertical: do animal para o ser humano, no caso em questão o tatu primeiro foi contaminado ao se alimentar de cadáveres humanos e passou a transmitir a doença quando o ser humano passou a consumi-lo como alimento, ou seja, o ciclo passou a ser horizontal: homem- animal-homem. Para o tratamento dos estágios mais avançados da hanseníase usa-se a talidomida, um medicamento de uso controlado devido ao seu caráter teratogênico, se a doença for erradicada milhares de casos de focomelia deixarão de ocorrer, fetos com encurtamento os membros próximos ao tronco por ingestão acidental do medicamento por mulheres gravidas. Outro grande benefício será a diminuição da pressão sobre as populações de animais silvestres que deixarão de ser caçados, dando lugar para a produção racional em cativeiro de animais destinados ao consumo através da integração com o setor agropecuário.        
Palavras-chaves: hanseníase, lepra, talidomida, tatu, zoonose.

ABISTRAT: American scientists make association between meat consumption Armadillo and the emergence of cases of leprosy, leprosy, among its citizens who are not part of the risk group, namely African descent are not and have never traveled to countries where the disease situation is endemic: India, Brazil or Angola, where most cases occur. The discovery will enable the eradication of the disease simply by letting consuming armadillo meat or other wild animals that feed on human corpses. The discovery is an unprecedented event, since the disease cycle flees the pattern of zoonoses, which occurs generally vertically: from animals to humans, in this case the armadillo was first infected by eating human corpses and proceeded to transmit the disease when humans began to consume it as food, ie, the cycle began to be horizontal: man-animal-man. For the treatment of more advanced stages of leprosy is used thalidomide, one controlled prescription drug due to its teratogenic character, if the disease is eradicated thousands of cases of phocomelia will no longer occur, fetuses with shortening the next members to the trunk swallowed the accidental drug by pregnant women. Another major benefit is to decrease the pressure on wildlife populations that will no longer be hunted, giving place to the rational production of captive animals for consumption through integration with the agricultural sector.
Keywords: armadillos, leprosy, thalidomide, zoonosis

1.      INTRODUÇÃO
A hanseníase, enfermidade que acomete milhares de pessoas em todo o mundo pode ser transmitidas dos animais para os homens. Busca-se aqui aludir o resultado da indagação e investigação inicial a que por titulo: A hanseníase é ou não uma zoonose?  Divulgando assim através dessa investigação possíveis esclarecimentos sobre esta temática por muitos desconhecidos. O estudo apresenta uma metodologia de caráter descritivo e bibliográfico, proporcionando como aporte teórico os estudos baseados em: Allan (2009), Highway (2007), Lago (2010), Sartore (2012), além de textos de cunho jornalísticos, em exposto Estadão (2007) e O Globo (2011).
Cientistas americanos fazem associação entre o surgimento de casos de hanseníase entre seus cidadãos que nunca estiveram em países como a Índia, Brasil e Angola, onde há prevalência da doença e nem fazem parte do grupo de risco: quilombolas, indígenas, moradores de zonas urbanas periféricas e agricultores. Em comum entre eles, é o fato que em algum momento da vida, eles se alimentaram de tatus (um mamífero que possui uma espécie de carapaça (armadura) que cobre e protege seu corpo) e quando a imunidade do organismo se apresenta baixa, devido à outra doença ou velhice a hanseníase se manifesta muito tempo depois da contaminação. Os focos da doença estão ligados diretamente com a falta de higiene e saneamento básico, sendo que à medida que a urbanização progride há uma redução do número de casos sem uma causa aparente, ou seja, quando os tatus não encontram alimento e abrigo, se afastam da zona urbana, então como não há mais tatus para serem caçados novos casos da doença deixam de ser notificados.  

2.      O QUE É A HANSENÍASE?

A hanseníase é uma doença que aflige a humanidade desde os tempos bíblicos, conhecida como Lepra ou Mal de Lázaro. Cujo principal sintoma é o aparecimento de manchas brancas pelo corpo com perda da sensibilidade local, pela predileção da bactéria Mycobacterium leprae em atacar células nervosas da pele e das extremidades do corpo: nariz, orelhas, mãos e pés, causando danos e deformações físicas severas, que podem ser evitadas se identificada e tratada de imediato.
No contesto histórico a Hanseníase se confunde com uma infinidade de doenças de pele, até mesmo manchas de bolores nas paredes e nas roupas podiam causar pânico na população, que expulsavam os supostos leprosos e queimavam as suas casas.
Segundo Allan (2009) se encontra presente nas citações bíblicas do Velho Testamento, dois tipos de Lepra: a forma maligna que seria a Hanseníase como nós conhecemos hoje e uma forma benigna que seria uma infinidade de doenças de pela entre elas o Vitiligo, que demandavam cuidados especiais por partes dos sacerdotes. Segundo a Literatura Médica, o vitiligo, é uma condição crônica da pele resultando em despigmentações circulares da pele, as suas causas ainda são discutidas. A condição é mais evidente em indivíduos de pele escura, suspeita-se que haja uma junção de fatores autoimunes, genéticos e ambientais Em condições mais severas pode provocar a ativação do sistema imunológico que passa a atacar as células devido ao aparecimento de outras doenças, dando início a um processo inflamatório.
A hipótese atual seria de que anticorpos atacam os melanócitos, células produtoras de melanina, pigmento que dar cor a pele e protege contra os efeitos nocivos da radiação solar (outro fator de proteção foi o cabelo lanoso, encrespado, que permitia à formação de uma colona de ar que refrigerava o cérebro, no caso dos mongóis e caucasianos a pele branca favoreceu a absorção da pouca radiação solar disponível nas grandes latitudes, imprescindível para a formação da vitamina D, já o cabelo e barbas lisa surgiu para evitar o congelamento do crânio) essa proteção propiciou aos negros a possibilidade se expandiram pelo continente africano, subcontinente indiano, Austrália, se espalhando pelos mais distantes arquipélagos do Oceano Pacífico, como a isolada Ilha de Pascoa na metade do caminho para a costa oeste da América do Sul, já os mongóis vieram do norte pelo Estreito de Bering, sabendo que o fóssil humano mais antigo já encontrado nas Américas é de uma mulher, pelo formato de sua bacia, e com evidentes traços negroides quando seu crânio foi reconstituído, chamaram-na de Luzia, esses dois grupos humanos deu origem aos nativos americanos, os índios, de pele vermelha e cabelo liso.
 Pelos relatos bíblicos, ao contrário do que supõem o contexto histórico ocidental, os povos que habitavam o Norte da África e Oriente Médio eram negros, até as invasões dos povos brancos vindos da Europa através da expansão dos Impérios Macedônio com Alexandre o Grande, sucedido pelo Império Romano, que exterminaram os negros daquela região do globo, visto que na África Subsaariana não há evidência de civilização, o que só ocorre no Egito com os faraós e na Etiópia onde ainda hoje existem os judeus negros descendentes diretos do reis Salomão e da Rainha de Sabá, e que a ocupação do interior do continente só veio a acontecer em decorrência das perseguições dos brancos, que buscavam escraviza-los. De ante dessa afirmação se os judeus primitivos eram negros como é que ficaram brancos, pois bem quando os Romanos invadiram a Judeia saquearam e destruíram o Templo de Salomão, levaram a mulheres como escravas sexuais para a Europa, a título de espólio de guerra, dessa forma o judaísmo sobreviveu através da tradição matriarcal. Em diversos momentos houve perseguições, durante a Inquisição quando a Igreja Católica se constituiu em uma forma policial, muitos foram convertidos a força ao cristianismo e deportados para as colônias, ficaram conhecidos como cristãos novos ou de forma pejorativa chamados de “marranos”, termo derivado de “marrã” a fêmea do bode, carneiro ou porco, semelhante ao que aconteceu com as escravas africanas que deram origem as “mulatas”, termo derivado de “mula” híbrido do equino com o asinino. Novamente esse grupo foi alvo de perseguições e extermínio em massa na Segunda Guerra nos campos de concentração nazista. 
Certamente não foi na Idade Antiga que a lepra tenha se estabeleceu na Europa, visto que o saneamento básico já estava disponível a todos os cidadãos romanos através das casas de banho e banheiros públicos, mas sim na Idade Média em decorrência das Cruzadas contra os Mulçumanos, que ocuparam o vazio demográfico deixado pelos judeus exterminados pelos Romanos.  No retorno a Europa os Cruzados levaram consigo a Lepra e a Peste Negra, devido às pulgas contaminadas com a peste bubônica dos ratos que invadiram os porões dos navios.
Os leprosos eram obrigados a carregar um sino para alertar as pessoas da sua presença, quando se aproximavam das vilas eram alvejados com pedras, por isso viviam afastados da sociedade em cavernas e nos vales dos rios, esperando que seus parentes lhes trouxessem comida. Somente na década de 1980 é que o isolamento dos doentes deixou de ser compulsório, com a descoberta do tratamento, quando foram fechados os últimos leprosários.
Até esse momento podemos considerar a lepra como não sendo uma zoonose, pois a contaminação se dava diretamente pelo contato com os doentes. Já a peste negra é uma zoonose clássica, que dizimou um terço da população da Europa, certa de 75 milhões de pessoas. Causada pela bécteria Yersinia pestis, transmitida através das pulgas Xenospsylla cheopis dos ratos pretos Rattus rattus ou outros roedores. Os mortos da peste negra serviram de pasto para os lobos selvagem que se multiplicaram ao ponto de se tornarem predadores de seres humanos e do gado, dando origem ao mito do lobisomem que arranhava as portas das casas. A lepra só veio a ser considerada uma zoonose quando os tatus passaram a se alimentar dos cadáveres humanos dos cemitérios e sendo consumidos pelos seres humanos.
 E mais terrivelmente no caso dos europeus, que não alcançaram o mesmo nível de civilização dos povos que viveram no deserto, que tinham rígidos códigos de ética, que proibiam o consumo de determinados tipos de alimentos e disciplinavam práticas rígidas de higiene pessoal. Para os judeus, casher. Para os muçulmanos, halal. Essas instruções foram copiladas em diversos livros do Antigo Testamento, só que a sua leitura e interpretação ficaram restritas ao clero, sendo proibida a sua leitura por parte da população, que não souberam se precaver diante de eventos de ordem sanitária a pouco citados. 

3.  COMO SE TRANSMITE A HANSENÍASE? “SEM LEVAR EM CONTA AS NOVAS DESCOBERTAS”.

            A transmissão se dá por meio de uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença (multibacilar-MB) e que, estando sem tratamento, elimina o bacilo por meio das vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim infectar outras pessoas suscetíveis. O bacilo de Hasen tem a capacidade de infectar grande número de pessoas, mas poucas adoecem, porque a maioria apresenta capacidade de defesa do organismo contra o bacilo. Não sendo transmitida de outra forma, nem mesmo através de relações sexuais ou de forma congênita através da gestação, não sendo necessário o afastamento do doente do convívio social, desde que o mesmo esteja sendo submetido a tratamento com medicamento constituído por associação de antibiótico, denominados poliquimiotarapia (PQT). Segundo site da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia.

4.      USO DA TALIDOMIDA NO TRATAMENTO DA HANSENÍASE?

Highway (2007) a Talidomida ou “Amida Nfálica do Ácido Glutâmico” trata-se de um medicamento desenvolvido na Alemanha em 1954, inicialmente comercializado como sedativo. Retirado do mercado em 1957 devido ao seu caráter teratogênico durante a gravidez, gerando milhares de casos de Focomelia, aproximação ou encurtamento dos membros junto ao tronco dos fetos, tornando-os semelhantes a focas. Só que em 1965 foi descoberto os seus benefícios no tratamento dos estados reacionais de hanseníase, o eritema nodoso hansênico que é um evento inflamatório agudo no curso da doença. Sendo considerado de base imunológica e importante causador de morbidez e incapacidade física. A partir daí foram descobertas inúmeras utilizações para a droga no tratamento de AIDS, LUPUS, doenças degenerativas, câncer e transplante de medula óssea.                    
Em decorrência dessa diversidade de uso, houve um grande aumento do número de acidentes com a ingestão da talidomida por mulheres grávidas, o que provocou o nascimento de uma segunda geração de vítimas da Talidomida. Sobretudo porque no rotulo do medicamento constavam a imagem uma mulher grávida e uma tarja vermelha de proibido, símbolo interpretado erroneamente como sendo um remédio abortivo. E mesmo assim houve vítimas de terceira geração, pois no Brasil a talidomida é distribuída na rede de publica saúde, ao contrário do que acontece na Índia onde a administração do medicamento é feito na unidade hospitalar. A questão se agrava diante do furto do medicamento e do seu comércio no mercado negro, onde o mesmo pode até estar sendo usado no tratamento da malária na região amazônica.

5.      USO DA TALIDOMIDA EM HOMENS E MULHERES EM IDADE FÉRTIL.

Por força da Portaria nº 345, de 15 de agosto de 1997, é proibido uso da talidomida em mulheres em idade fértil. Só sendo receitada em casos especiais, onde a mulher deve abster-se de sexo ou levar em consideração a possibilidade de se submeter a uma laqueadura para evitar a concepção, devendo-se adotar o uso de preservativos sexuais visto que o medicamento inibe a ação de contraceptivos. Como parte do tratamento a mulher é obrigada a fazer testes mensais de gravidez para que seja feito um aborto, visto que um único comprimido pode causar danos ao feto durante a gestação, ficando resíduos no organismo por até um ano. Também é recomendado aos homens, conforme a Resolução nº RDC 140/2003 da ANVISA, que mesmo sendo submetido à vasectomia, que faça uso de preservativos e evite doar sangue.
A luz de Lago (2010) segundo alguns especialistas os benefícios da talidomida são inquestionáveis, devendo haver um controle mais rigoroso na distribuição e administração do medicamento.

6.      A HANSENÍASE NO BRASIL E NO MUNDO. E AS NOVAS DESCOBERTAS.

No Brasil a hanseníase está associada à falta de higiene e de saneamento básico e é comum em populações marginalizadas que vivem nas periferias das grandes cidades ou no interior das florestas, como indígenas, quilombolas e agricultores, e com o advento da urbanização há uma redução progressiva do número de caso. Na Índia, onde se observa a maioria dos casos, a doença está relacionada com a forma com que eles tratam seus mortos, que são cremados às margens do rio Ganges, o que faz com que esse seja o rio mais poluído do mundo, onde se podem ver matilhas de cães errantes e mendigos a espera dos restos da cremação dos mortos para tê-los como alimento. Sabendo que a Índia é formada por um fragmento da placa tectônica antártico-australiana que ficando a deriva, veio a se chocará o continente asiático, proporcionando a elevação das Cordilheiras do Himalaia, por esse motivo os seus solos são jovens e pouco profundos o que inviabiliza a abertura de covas para se enterrar os defuntos.  Nessas circunstâncias a pouca lenha disponível é utilizada na cremação dos cadáveres, ficando como principal fonte energética e queima do esterco dos bovinos para aquecimento das residências no inverno, afugentar as nuvens de mosquitos no verão e para cozinhar aos alimentos. É por isso que na Índia a vaca é considerada um animal sagrado só sendo consumida quando ela não possui mais dentes para se alimentar sozinha ou quando é atropelada, a coleta do esterco das ruas fica a cargos das viúvas que são abandonadas pelas suas famílias, assim a vaca vale mais viva do que morta por ser uma verdadeira usina de transformação de energia.
Sendo uma doença comum em países subdesenvolvidos de clima quente como a Índia, Brasil e Angola onde está a maioria dos casos, respectivamente. O que não explica o fato de americanos que nunca viajaram para esses países contraírem a doença. São cerca de 150 novos casos por ano, principalmente nos estados do sul de maioria afrodescendentes, Mississipi, Luisiana, Arkansas e Texas, fugindo do padrão com pessoas brancas sendo acometidas pela doença sem uma causa definida. E através desse grupo controle pode se observar que em algum momento da vida elas tiveram contato com animais silvestres, principalmente o tatu que serve de alimento para pessoas que residem na zona rural, com o qual se prepara pratos típicos como a lombada caipira que muitas vezes é feita com tatus vítimas de atropelamentos recolhidos nas estradas. Diante dessa nova informação buscou-se a fazer a captura de tatus próximos a locais onde havia pessoas que tinha contraído a lepra e pode se constatar a presença da bactéria Micobacterium leprae, agente etiológico da Hanseníase. E a partir desta constatação pode se concluir que a Hanseníase, conhecida desde a antiguidade como lepra, trata-se de uma zoonose: doença transmitida ao homem pelo contato com os animais ou pelo seu consumo na forma de alimento.
Publicado em O Globo (2011) outro fato curioso da nova descoberta era que apenas os tatus que viviam próximos aos aglomerados humanos possuíam a bactéria alojada no seu organismo, enquanto os tatus que viviam na natureza intocada não eram portadores da bactéria. Outra descoberta significativa era que os tatus haviam adquirido a bactéria dos seres humanos, um fato inédito de transição de uma doença de forma horizontal: dos seres humanos para os tatus e dos tatus para os seres humanos ou invés da forma tradicional, vertical, dos animais para os seres humanos. Levando os cientistas a crer que antes da chagada dos europeus no continente americano, não havia circulação da bactéria entre os animais, e que a contaminação vem se dando ao longo dos últimos 500 anos, quando os tatus visitam os cemitérios a procura de cadáveres frescos para se alimentarem adquirindo dessa forma a doença, lhes causando danos no baço e fígado. E para os seres humanos quando eles resolvem se alimentar destes animais. Devido a sua temperatura corporal de 32ºC, a bactéria encontrou nesse animal um hospedeiro ideal, porém não sendo possível manter a bactéria viva em condições laboratoriais. Essa descoberta tem sido amplamente divulgada na mídia americana e em diversos sites na internet. E que segundo a Organização de Mundial de Saúde (OMS). Em 2011, o Brasil registrou cerca de 34 mil novos casos da doença, número inferir apenas aos 127 mil casos na Índia, que tem uma população cinco vezes maior. Nas Américas, a lepra foi uma forma que a natureza encontrou para punir o ser humano, por comerem o tatu, obra do Currupira e da Caipora, entidades indígenas que protegem os animais do ataque dos caçadores.

7. O FULECO, O TATU-BOLA, MASCOTE DA COPA DO MUNDO DE 2014 E A SAÚDE PÚBLICA.

Segundo a FIFA, Federação Internacional de Futebol, Fuleco é uma junção das palavras Futebol e Ecologia, termo que causou polêmica na impressa internacional, pois varias publicações sugerem tratar-se de uma palavra usada num contesto pejorativos para designar a anatomia intima partilhada por homens e mulheres, quando se substitui a terceira letra o “L” por “R”. Sugerindo que o termo em questão remete à linguagem dos escravos africanos. Constrangimentos a parte por esse mal “entendido”, a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil não atende somente o interesse da FIFA, dos políticos e dos empreiteiros em saquear o dinheiro público, à moda do pão e circo como faziam dos antigos Imperadores Romano, que mantinham o povo distraído com as lutas dos gladiadores que simulavam combates mortais, como sugere o movimento de oposição à realização da Copa. Há por parte da escolha do tatu-bola como mascote dos jogos o interesse dos Estados Unidos da América em proteger os seus cidadãos do contágio da hanseníase em decorrência de uma possível contaminação devido ao consumo da carne deste animal, sendo que os turistas americanos quando viajam a países do terceiro mundo são orientados a se alimentarem apenas de produtos industrializados para evitar infecções alimentares.
O interesse oculto do governo brasileiro é o de trazer mão-de-obra especializada para gerenciar o seu processo de desenvolvimento econômico, evitando-se assim o apagão tecnológico devido à carência de profissionais de alto nível, através do relacionamento amoroso dos turistas estrangeiros com mulheres brasileiras haverá a formação de uma geração de crianças com dupla nacionalidade transitando livremente entre os países dos seus genitores. Essa suposta imagem de preservação ambiental vai trazer benefícios incomensuráveis na área de saúde pública, pois se evitando o consumo da carne de tatu milhares de novos casos de lepra deixarão de surgir e dessa forma erradicaremos essa doença do nosso território pelos simples fatos de se evitar o contado com o hospedeiro da bactéria, da mesma forma serão reduzidos os caso de acidentes teratogênicos provocados pela ingestão da talidomida por mulheres grávidas. Sem falar na redução da pressão sobre as populações dos animais silvestres que deixarão de serem caçados para servirem de alimentos. Havendo com isso uma consequente procura por alimentos de origem animal, explorados através da agropecuária e de animais silvestre em criados cativeiros legalizados e abatidos sob as normas técnicas e cientificas do Serviço de Inspeção Sanitária e Industrial Médico Veterinário.

8. EXPOSIÇÃO DE AFRODESCENDENTES A PATÓGENOS E CONTAMINANTES AMBIENTAIS.

Nessa questão é importante que se abra um parêntese para explicar que as populações de afrodescendentes ou quilombolas são os principais autores na produção de alimentos para o abastecimento das cidades e dessa forma estão exposto diretamente a diversos fatores de contaminação por agentes biológicos patogênicos, presentes no solo e nos subprodutos agrícolas, principalmente o esterco dos animais, e quando se trata de produtos de origem animal a situação é ainda mais crítica, pois através da prática do abate de animais de forma clandestina, as partes nobres dos animais são vendidas para se obter dinheiro para a compra de produtos manufaturados e se alimentam justamente das partes dos animais: cabeça, intestinos e pés, que apresentam grande carga bacteriana e onde se concentram os ovos dos parasitas entre eles os da cisticercose que podem se alojar no cérebro dos indivíduos causando distúrbios neurológicos, motivo pelo qual a maioria dos casos de internações nos manicômios é de afrodescendentes.             

9.      ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO DOS TATUS E RISCO DE EXTINÇÃO.

Há várias espécies de tatus, desde o pequeno tatu-bola, aos de tamanho médio como o tatu-peba e tatu-galinha até os de grande porte como o tatu-canastra, mamíferos que geram uma cria na maioria das espécies, enquanto há outras que geram de quatro a doze crias por ano. Podem ser encontrados desde a Argentina, próximos a gélida Patagônia, Brasil, países da América Central, México e Estados Unidos onde ele tem sido encontrado mais ao norte em decorrência do aquecimento global, não sendo encontrado nas Cordilheiras dos Andes devido ao frio e a altitude. Atualmente a principal causa de ameaça de extinção é a destruição do seu habitat natural para dar lugar a grandes empreendimentos agropecuário com grandes áreas de pastagem e lavoura em sistema de monocultura, ameaçando de extinção as espécies que dependem da floresta preservada, assim como a maioria dos animais silvestres. Entretanto, segundo Sartore (2012) há algumas espécies de animais silvestres se beneficiam da presença humana, quando lhe são proporcionados alimentos e abrigo, como é o caso dos tatus que vivem e se alimentam dos cadáveres nos cemitérios, fechando o ciclo de transferência de energia através dos níveis tróficos da cadeia alimentar, reciclagem de matéria orgânica em sais minerais absorvíveis pelas plantas, e transmissão do agente etiológico da Hanseníase o Mycobacterium leprae. 

10. ORGANIZADORA DE CONCURSOS PÚBLICOS SUGERE QUE A LEPRA NÃO SEJA UMA ZOONOSE.

Prova do Concurso Público do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, realizado pela CONSUPLAN, em 04 de maio de 2014, sugere que a Hanseníase não seja uma zoonose. Na prova objetiva de conhecimento específico para Cargo de Agente de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Animal se faz a seguinte colocação: Assinale a alternativa cuja doença e respectivo agente etiológico NÃO sejam considerados uma zoonose.
A)Antraz- Bacillus anthracis
B)Mormo- Brurkholderia mallei
C)Hanseníase- Mycobacterium leprae
D)Febre maculosa- Rickettsia rickettsii  
Segundo o gabarito da questão a alternativa correta seria a letra “C”, pois bem, pelo que acabamos de abordar e diante das alternativas, a questão não apresenta alternativa correta, dessa forma ela é passível de anulação. Levando-se em consideração que mesmo que cientistas brasileiros ainda não reconheçam a Hanseníase como uma zoonose, a questão não deixa isso claro, nem mesmo faz referência a organização de saúde humana ou animal nacional ou internacional: Ministério da Saúde, Organização Mundial de Saúde- OMS, Organização Internacional de Saúde Animal- OIE.
Dessa forma todas essas epizootias são zoonoses:
1. O Antraz: doença causada pela bactéria Bacillus anthracis é uma zoonose comum em áreas rurais com programas inadequados de controle, por meio de vacinação, do carbúnculo hemático no gado. Ficou famoso por ter sido utilizado como arma biológica em atentados terroristas na forma de um pó branco em cartas enviado pelo sistema de correios para autoridades americanas. Conhecida como cabrunco, cujo sentido empregado de forma pejorativa foi disseminado pelo Brasil pelos imigrantes nordestinos. 2. O Mormo: doença causada pela bactéria Burkholderia mallei, acomete equídeos, equinos, asininos e muares, podendo ser transmitida ao homem. 3. Febre Maculosa: doença causada pela bactéria Rickettsia rickettsii é transmitida por carrapatos infectados, principalmente em áreas rurais onde se observa grande concentração de animais silvestres, principalmente capivaras, que chegam até o homem através dos carrapatos dos cavalos e cães de fazendas.

11.  CONCLUSÃO

Diante do exposto está mais do que provado que a hanseníase é uma zoonose. Um caso extraordinário quando se trata de doenças transmitidas ao homem pelos animais, pois antes de ser um transmissor da doença o tatu foi contaminado pelo próprio ser humano quando trouxe a lepra da Europa para as Américas durante o período colonial. E que existe um lobby muito forte por parte da indústria química de medicamentos para que a hanseníase não seja reconhecida como zoonose, pois o Brasil sendo um país recordista em automedicação proporciona lucros vultosos aos laboratórios farmacêuticos, que não desejam perder essa fatia do mercado. O que deixaria de acontecer se fosse feita a associação entre o consumo da carne de tatu com os casos de lepra.
Sendo a hanseníase reconhecida como zoonose milhares de pessoas deixariam de se contaminar com doença, principalmente os quilombolas, indígenas, moradores das periferias das cidades e agricultores que complementam a sua dieta com a ingestão de proteína através da caça de animais silvestres, como os tatus e outros animais silvestres, que ficariam livres da caça. E também com a redução do número de comprimidos da Talidomida em circulação diminuiriam os acidentes teratogênicos em consequência da ingestão da talidomida por mulheres grávidas.
Não podemos deixar de abrir um parêntese para o triste fato de que uma doença que acometia um grupo socialmente excluído só passou a ser devidamente estudado pela ciência quando a doença passou a acometer integrantes da classe privilegiada de um país rico, mas a descoberta é de importância significativa de deve ser amplamente divulgada. 

Referências Bibliográficas

ALLAN, Denis. O que quer dizer “lepra” na Bíblia. São Paulo: 2009.
ESTADÃO. Descontrole na área da saída gerou a segunda e a terceira geração de vítimas da talidomida. O Estado de São Paulo, 2007.
HIGHWAY, Net. Talidomida ou “amida nfática do ácido glutâmico”. A.B.P. T, 2007.
LAGO, Thalytta Aires. Uso da talidomida em pacientes hansêmicos. 62ºed. Reunião Anual da SBPC: UFM, 2010.
O GLOBO. Tatus podem transmitir hanseníase para humanos, diz pesquisa, 2011.
SARTORE, Joel. Transmissão da lepra: o risco tatu. Ed.150: National Geographic Brasil, 2012.
Comer tatu causa lepra
Acesso em 01 de maio de 2014, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lepra
Lepra na Bíblia.